Wilson Pinto - *


Por: Wilson Pinto


É Noite. A Noite fez-se Escura. Rodam máquinas em silêncio pela rua deserta, caem ruídos nos passeios despojados enquanto cintilam amarelos doentes no piso molhado. Foram escravos do sono. Os reflexos preenchem-se vazios. Pobres. Uma ausência de vida esbate-se nos destinos dos passeios. As revistas desprezadas coroam elegantemente as beiras dos passeios. Uma rídicula tempestade tropeça na mente ébria, agigantam-se temores desenhados pela solidão. Passos pavoneiam-se pela dimensão do infinito. O Tempo parou. Uivam as esquinas curvadas pela ausência, enquanto sombras bailam uma cacofonia em betão. Ao longe, a ferrugem esculpe berços. Metais macabros fazem-se janelas, negras de velório. Geometrias retorcidas fazem adivinhar o horizonte. Perdeu-se o rastro. O nevoeiro sucumbe lentamente acariciando o chão em beijos rebuscados. A Noite fechou-se em paredes de tortura flamejando metal homicida. Brumas chegam em círculos atraídas pelo doce movimento da sombra. Descobre-se a silhueta de terror. É um assassino.