Entrevista a Angélica Carvalho #6


Por: Manuela Rainho


Angélica de Carvalho é uma poetisa natural de Vieira do Minho (Braga). Desde os 10 anos que vive na cidade de Chaves. É autora do livro "Eros, Futebol e Rock & Roll", com edições em Portugal (2011), em Santiago do Chile (2012) e em Buenos Aires (2014). É autora de um segundo livro de poesia com o título “Passione”, com edição em Buenos Aires (2014).
A entrevista que se segue foi realizada via e-mail.



Manuela Rainho: Para si, o que representa escrever?
Angélica de Carvalho: Escrever representa uma atitude de estar presente na vida, no mundo e procurar eternizar esse tempo.


MR.: Considera-se um ser criativo? Como se processa/decorre o seu processo criativo?
AC.: Deverão ser os meus leitores a dar opinião sobre a nossa criatividade. O processo criativo surge de imprevisto. A partir das vivências pessoais, ou sociais ou com base na grandeza do universo, surge um pensamento ou um conceito que origina uma frase. Esta frase não tem lugar marcado no texto; a partir daqui desenvolve-se o todo.


MR.: Explicite o que é para si criatividade.
AC.: Será uma mescla de amor e beleza, com cultura, doseada com uma saudável loucura.



MR.: Pensa que existe uma crise de identidade cultural transmontana? De que forma ela se manifesta na sua obra?
AC.: Antes da alfabetização e da globalização existia uma identidade cultural transmontana para além da antropologia, que se manifestava na invenção de lendas e contos que se transmitiam de geração em geração. Estas narrativas que alguns escritores já registaram têm um sabor surrealista. Embora a minha escrita não navegue neste campo, os dois livros já publicados terminam com um ou dois textos que colocam o par amoroso a viver a “eternidade”.


MR.: Enquanto pessoa de cultura, que vive na era da globalização, de que forma ser do Norte/ Transmontano o condiciona e/ou integra?
AC.: Eu nasci em Vieira do Minho, mas vivo desde os 10 anos na cidade de Chaves. A nossa vinda para Chaves, deveu-se ao facto de o meu pai, António Carvalho, ter sido transferido da biblioteca itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian, daquela vila para esta cidade, onde era funcionário.

No que respeita ao município de Chaves, o que realmente me alegra com total assombro é a grande quantidade de pessoas criativas, em todos os géneros literários, algumas com livros publicados e outras com obra divulgada nas redes sociais e isto num concelho de apenas 40 000 habitantes!

É verdade, que a gente do norte/transmontana é dotada de um “ethos” poderoso e audaz. Possuidora de uma fortaleza tal que ao lutar com uma natureza rude e agreste surge vitoriosa.

Consideramos então que ser do Norte me condiciona e integra porque me abre um imenso espaço de liberdade.


MR.: Como definiria Angélica Carvalho enquanto pessoa de cultura e de escrita?
AC.: As definições são sempre redutoras. Como pessoa de cultura procuro caminhar a par com as novidades do mundo. Como pessoa da escrita de poesia, e à semelhança de todas as outras que também o fazem, procuro emocionar os outros, através da beleza que chega na surpresa da simplicidade.

Tomámos como nossas uma paráfrase do poeta português que esteve radicado na Venezuela, Jorge de Amorim (1928-2011) “Só existe a religião da poesia”.




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