O (Futuro) Palco Cultural #6


Por: Tânia Santos

Obra: Escola de Música, Artes e Ofícios de Chaves
Arquitetos: Manuel Graça Dias / Egas José Vieira
Projecto: 2004-2008




A “Escola de Música, Artes e Ofícios”(ou “Academia” como é vulgarmente designada) é da autoria da parceria Graça Dias e Egas Vieira. O reconhecido arquiteto lisboeta Manuel Graça Dias é igualmente autor das obras “Prédio Golfinho” (na Praça Brasil) e “Prédio Azul” (recém construído na Avenida Miguel Torga), situadas em Chaves.






Dadas as condicionantes definidas pelo próprio lugar, o projeto da Academia foi certamente encarado como um exercício desafiante. A obra completa o rico núcleo arquitetónico formado pelos antigos edifícios da Estação Ferroviária (atual Centro Cultural) e do Cais de Mercadorias (atual sede da Associação Chaves Viva).

O referido conjunto define hoje, a meu ver, um dos espaços públicos da cidade com maior potencial de desenvolvimento. Espero que no futuro este não seja, tal como o é, um mero espaço de atravessamento e que gradualmente se transforme numa espécie de ‘palco cultural’, trazendo as Artes e os Ofícios dos flavienses para a rua. Estão reunidas as perfeitas condições para nascer aqui o próximo ponto de encontro da população. Falta porém saber explorar o lugar; explorar não (apenas) o carácter comercial, mas sobretudo aproveitando a vertente cultural que lhe está associada.

Quanto à obra da Academia, o conjunto é composto por três corpos “posicionados em T”. Enquanto dois dos corpos respeitam o alinhamento do antigo edifício da Estação, o volume central está orientado perpendicularmente e ganha identidade com o enorme arco que desenha a sua forma. Este gesto formal, além de anunciar subtilmente a entrada principal da Academia, também delimita o espaço publico anteriormente mencionado, conferindo-lhe a proporção ajustada.


Como se percebe, optei por analisar a obra na relação que estabelece com o contexto urbano e, nesse sentido, a solução encontrada parece-me exemplar. E se a arquitetura cumpre a sua parte, significa que agora é a vez do homem cumprir a sua.

Estou neste momento a escrever de Berlim e o que mais me fascina é justamente a dinâmica que a sua população consegue oferecer à cidade. Sem dúvida que aqui a soma do capital disponível é enorme; sem dúvida que aqui as entidades culturais se envolvem arduamente nos processos; mas é somente o homem, com vontade e entreajuda, que consegue enfrentar as dificuldades económicas e vencer os interesses políticos que dominam o nosso país.








Cabe assim a cada um de nós contribuir para o desenvolvimento da cidade. Criticar é natural, mas ajudar é fundamental.



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