Correntes de Escritas


Por: Ernesto Areias

Entre os dias 25 e 28 de fevereiro, teve lugar na cidade da Póvoa de Varzim a XVI edição das Correntes de Escritas que, desde 1999, têm vindo a contar com a presença de um número considerável de escritores provenientes de todos os países da lusofonia, de Espanha, Cuba e de outros países da América latina.

Este evento, dos mais significativos do género que se realizam na Europa, contou este ano com a presença de sessenta escritores e outros intelectuais que intervieram nas várias mesas de trabalho sem contar com muitos que também ali estiveram presentes. Durante o encontro foram vendidas centenas de livros e apresentados mais de uma dezena nos intervalos das sessões de trabalho que se sucediam.

Talvez que na próxima reforma do ensino a primeira preocupação seja ensinar a ler e a escrever e a segunda evitar que se aprenda a interpretar. A cultura e a ciência nunca foram apanágio dos tiranos e dos ignorantes.


Cerca de trinta instituições patrocinaram o evento destacando-se o alto patrocínio da Câmara Municipal que através de uma comissão de trabalho é o motor do evento que é já uma marca na cultura portuguesa.
Numa altura em que a cultura e as letras parece valerem tão pouco para os nossos dirigentes valha-nos ao menos o trabalho de uma cidade de média dimensão que anualmente realiza um encontro de grande envergadura em beneficio da escrita e divulgação dos autores e suas obras.

Lamentavelmente, não temos um ministério da Cultura, entregue agora a uma miseranda secretaria de Estado com parco orçamento. Como é verdade também que deixámos de ter ministério da Ciência pois que o esforço dos portugueses escravizados por um número inenarrável de impostos é canalizado em grande medida para os bancos alemães porque se mostra indispensável aparecer na fotografia junto dos bens comportados.
Abandonar a cultura significa vilipendiar a identidade e a história; pôr de lado o investimento na ciência significa hipotecar o futuro. É exatamente o que vem acontecendo. O entusiasmo do ambiente, o alto nível das intervenções e tudo quanto se fez nessa semana em que foi levado a bom termo trabalho de partilha com as Escolas, não mereceu mais do que um simples flash da RTP2 porque, tanto quanto sei, nenhum outro canal compareceu.
A nossa língua, tesouro construído ao longo de séculos foi ali tratada com a honra e os merecimentos que todos devemos reconhecer-lhe.



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