
Por:Paulo Coimbra
Poluição luminosa é um tipo de poluição resultante da luz excessiva criada pelo homem, alterando os padrões naturais de iluminação do meio ambiente.
Infelizmente, na ânsia de tudo iluminar, transformando a noite em dia e iluminando tudo com uma intensidade desmesurada, estamos a provocar imensos danos na fauna e a destruir um património universal – o céu noturno.
Céu escuro Céu poluído Céu muito Poluído
Desde o aparecimento da vida na Terra, sempre a mesma se regeu por ciclos previsíveis de luz/escuridão. Essa alternância está incorporada no ADN de animais e plantas. Ao alterarmos este ciclos estamos a colocar o sistema em desequilíbrio – são as aves migratórias que se desorientam com as luzes das cidades, provocando anualmente milhões de mortes, são as tartarugas recém-nascidas que caminham em direção à terra em vez de se dirigirem para o mar, acabando por morrer desidratadas ou devoradas por predadores, são os insetos que, atraídos pela luz dos candeeiros acabam por morrer, alterando o equilíbrio de outros animais que deles se alimentam…
Impacto no céu noturno
Desde tempos ancestrais que o ser humano observa o céu noturno.
Seja pelo simples prazer de observar, seja para servir de orientação – as viagens dos navegadores portugueses não seriam possíveis sem a preciosa ajuda das estrelas –, seja para efetuar observações astronómicas, o céu noturno é um património universal que não podemos destruir!
Pergunto: Quando foi a última vez que observou as estrelas?
Milhões de pessoas em todo o mundo nunca tiveram oportunidade de ver a Via Láctea!
Recordo, quando criança, como era belo o céu da aldeia onde nasci. Agora, para conseguir observar um céu medíocre, temos que nos afastar dezenas, ou até centenas de quilómetros dos grandes agregados populacionais.
Impacto nos recursos
O dispêndio de energia e dinheiro para conseguir este elevado padrão de iluminação é brutal. Quantos milhões de toneladas de dióxido de carbono deixariam de ser enviadas para a atmosfera se conseguíssemos uma redução deste consumo? Se os nossos governantes enxergassem esta vertente, quantos milhões de euros não se poupariam ao erário público?
E a solução é tão simples:
- Iluminar o estritamente essencial
- Optar por lâmpadas adequadas
- Escolher a luminária certa
- Desligar as lâmpadas desnecessárias
- Orientar o fluxo luminoso exclusivamente para a zona a iluminar
- Diminuir a potência das lâmpadas
- Implementar sistemas inteligentes de iluminação.
Apague uma lâmpada, acenda uma estrela!
Abaixo o simulador da campanha Needless:
Instruções:
- Clique uma vez para adicionar uma lâmpada.
- Clique na lâmpada para alterar o tipo de luminária ou para a remover.
- Arraste o clique do rato sobre uma lâmpada para a mover.
__________________________________________
O direito a um céu noturno não poluído que permita desfrutar da contemplação do firmamento, deve ser considerado um direito inalienável da humanidade, comparável a outros direitos ambientais, sociais e culturais, devido ao seu impacto sobre o desenvolvimento de todos os povos e a sua repercussão sobre a conservação da diversidade biológica.(*)
(*) In “La Palma Declaration” - “Conferência Internacional em Defesa da Qualidade do Céu Nocturno e do Direito de Observar as Estrelas” (International Conference in Defence of the Quality of the Night Sky and the Right to Observe the Stars), La Palma – 2007.
Sem comentários :
Enviar um comentário