No Dia em que a Cultura Morrer #4


Por: Diogo Martins Martins



Linhas, barreiras, paredes e fronteiras. São o que separam aquilo que somos, daquilo que queremos ser; que nos protegem do medo de não saber, de não conseguir ou de não querer.
Transformam fraquezas em vantagens. Transformam diferenças  em intercâmbios. Criam raças, inimigos, parceiros de guerra e de paz.
Insinuam que com elas a cultura floresce e só com elas podemos ser o que realmente somos. Têm pretensão de afastar o exótico e o desconhecido.
No dia em que a cultura morrer, só o medo sobreviverá. O medo de que aquilo que não somos possa um dia prevalecer. O medo de perder ou de ficar para trás.
Mas como tudo o que nos amedronta, as fronteiras dão-nos a oportunidade da coragem, de deixar morrer um pouco de nós para que um pouco dos outros possa sobreviver.
No dia em que a cultura morrer, morrerão as raças e os credos; morrerão as cores, as vestes, os géneros e os dialectos.
Quando a cultura morrer não teremos fronteiras. Nem nós, nem os outros.
Entenderemos que todos estaremos a fugir de algo, e que estaremos dispostos a fazer de tudo para que possa sobreviver algo de nós.
No dia em que a cultura morrer, não valerá a pena fugir.



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