No passado mês de abril a cidade de Chaves escreveu-se numa grande Ponte que uniu portugueses e espanhóis. “Ponte Escrita”, I Encontro Luso-Galaico de Escritores, ganhou forma enquanto proposta do Orçamento Participativo de Chaves, tendo Altino Rio e Sílvia Alves como mentores.
A travessia desta ponte fez-se com 17 escritores convidados que, entre os dias 15 e 17 de abril, deambularam pela cidade de Aquae Flaviae. A organização fez questão de estender a “ponte” à cidade, num evento de e para os flavienses. O programa incluiu a visita dos escritores a algumas escolas da cidade, a participação da livraria vila-realense “Traga Mundos”, a conversa sobre a cidade no Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso ou um serão cultural na emblemática Adega do Faustino.
O feedback dos convidados foi marcadamente positivo e os elogios fizeram ouvir-se na troca de impressões realizada no Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, sob a moderação de João Morales. A beleza da cidade encantou os visitantes, que destacaram ainda a ambiência histórica que se sente a cada esquina.
Reunir um leque tão variado de escritores no mesmo espaço resultou também numa
extensão da conversa até à própria arte da escrita e à procura da inspiração. Cristina Carvalho, filha de António Gedeão, realça que tem um prazer enorme em escrever e que escreve quando quer. Quanto à inspiração, a escritora não acredita na busca desenfreada da mesma, mas sim num “evacuar de inspiração: a pessoa tem a ideia e a ideia sai”. Seguindo a mesma linha de pensamento, o carismático escritor José Fanha desvendou o segredo da inspiração, explicando que se trata de uma “pombinha que anda no céu, que tem diarreia e
que só faz caganitas em cima dos escritores e artistas”. Quando questionado sobre o que faz para encontrar a inspiração, o escritor revela: “vou para a rua e olho para o céu”.
A conversa fez-se a duas línguas, ao som de fortes gargalhadas, com os escritores galegos a traçar largos elogios à organização do evento. Para estes, a “Ponte Escrita” demonstrou que a raia não existe. Anton Cortizas Amado afirmou também que “os galegos são os portugueses do norte e os portugueses são os galegos do sul”.
Um evento destas proporções traz inúmeras vantagens para uma cidade como Chaves, cujas potencialidades foram muito elogiadas. Herculano Pombo, um dos escritores convidados, ressalvou que o último esquisso da matriz da língua portuguesa se encontra em Chaves, numa alusão à originalidade da língua que a própria “Ponte Escrita” pretende exaltar. Para o escritor com fortes ligações ao concelho de Chaves, portugueses e galegos ambicionam encontrar uma definição para quem é quem, apesar de falarem a mesma língua – “Todos aqui dizemos «Tchabes»”.
A Ponte não se limitou aos três dias do encontro de escritores. Em novembro será apresentado o Livro de Contos, fruto da atribuição de pontos da cidade de Chaves a cada um dos escritores, para que estes escrevam um conto alusivo a essa escolha: Manuel Araújo atravessa a Rua do Poço, João Madureira a Rua Direita; Herculano Pombo começa na Praça Camões, Francisco José Viegas no Forte de São Francisco; Paulo Moreiras vai descortinar segredos da Rua dos Gatos, Rui Vieira da Ilha do Cavaleiro; cabe a Cristina Carvalho fazer história da Ponte Romana, Rita Taborda Duarte do Museu Nadir Afonso; as Poldras serão contadas por Nuno Camarneiro, as Termas por Tiago Salazar; a Biblioteca Municipal assombrará José Fanha, a Rua dos Dragões Elena Gallego Abad; a Madalena espera por Inma López, o Jardim Público por Anton Cortizas Amado; Olinda Beja parte da Fronteira e José Carlos Barros do km0.
Sílvia Alves, uma das mentoras do projeto, afirma que “muitos pontos de partida mais serão ainda os de chegada, num longo caminho”. Esse caminho para a segunda edição do encontro de escritores está já a ser delineado. “Para o ano queremos contar as histórias escondidas nas ruas e nas casas da cidade”, revela Sílvia Alves, “tal como, fortuitamente, aconteceu este ano com a Dona Laurinda dos chapéus, com a barbearia “Corte Implacável” ou com a “Casa da Ponte - Cambêdo”, que já aguarda o regresso do ilustrador Richard Câmara para continuar a desenhar a cidade em tons de azul-água”.
A edição de 2017 pretende envolver ainda mais a cidade de Chaves, atraindo mais público para ouvir as histórias da cidade e estreitar laços.
A travessia desta ponte fez-se com 17 escritores convidados que, entre os dias 15 e 17 de abril, deambularam pela cidade de Aquae Flaviae. A organização fez questão de estender a “ponte” à cidade, num evento de e para os flavienses. O programa incluiu a visita dos escritores a algumas escolas da cidade, a participação da livraria vila-realense “Traga Mundos”, a conversa sobre a cidade no Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso ou um serão cultural na emblemática Adega do Faustino.
O feedback dos convidados foi marcadamente positivo e os elogios fizeram ouvir-se na troca de impressões realizada no Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, sob a moderação de João Morales. A beleza da cidade encantou os visitantes, que destacaram ainda a ambiência histórica que se sente a cada esquina.
Reunir um leque tão variado de escritores no mesmo espaço resultou também numa
extensão da conversa até à própria arte da escrita e à procura da inspiração. Cristina Carvalho, filha de António Gedeão, realça que tem um prazer enorme em escrever e que escreve quando quer. Quanto à inspiração, a escritora não acredita na busca desenfreada da mesma, mas sim num “evacuar de inspiração: a pessoa tem a ideia e a ideia sai”. Seguindo a mesma linha de pensamento, o carismático escritor José Fanha desvendou o segredo da inspiração, explicando que se trata de uma “pombinha que anda no céu, que tem diarreia e
que só faz caganitas em cima dos escritores e artistas”. Quando questionado sobre o que faz para encontrar a inspiração, o escritor revela: “vou para a rua e olho para o céu”.
A conversa fez-se a duas línguas, ao som de fortes gargalhadas, com os escritores galegos a traçar largos elogios à organização do evento. Para estes, a “Ponte Escrita” demonstrou que a raia não existe. Anton Cortizas Amado afirmou também que “os galegos são os portugueses do norte e os portugueses são os galegos do sul”.
Um evento destas proporções traz inúmeras vantagens para uma cidade como Chaves, cujas potencialidades foram muito elogiadas. Herculano Pombo, um dos escritores convidados, ressalvou que o último esquisso da matriz da língua portuguesa se encontra em Chaves, numa alusão à originalidade da língua que a própria “Ponte Escrita” pretende exaltar. Para o escritor com fortes ligações ao concelho de Chaves, portugueses e galegos ambicionam encontrar uma definição para quem é quem, apesar de falarem a mesma língua – “Todos aqui dizemos «Tchabes»”.
A Ponte não se limitou aos três dias do encontro de escritores. Em novembro será apresentado o Livro de Contos, fruto da atribuição de pontos da cidade de Chaves a cada um dos escritores, para que estes escrevam um conto alusivo a essa escolha: Manuel Araújo atravessa a Rua do Poço, João Madureira a Rua Direita; Herculano Pombo começa na Praça Camões, Francisco José Viegas no Forte de São Francisco; Paulo Moreiras vai descortinar segredos da Rua dos Gatos, Rui Vieira da Ilha do Cavaleiro; cabe a Cristina Carvalho fazer história da Ponte Romana, Rita Taborda Duarte do Museu Nadir Afonso; as Poldras serão contadas por Nuno Camarneiro, as Termas por Tiago Salazar; a Biblioteca Municipal assombrará José Fanha, a Rua dos Dragões Elena Gallego Abad; a Madalena espera por Inma López, o Jardim Público por Anton Cortizas Amado; Olinda Beja parte da Fronteira e José Carlos Barros do km0.
Sílvia Alves, uma das mentoras do projeto, afirma que “muitos pontos de partida mais serão ainda os de chegada, num longo caminho”. Esse caminho para a segunda edição do encontro de escritores está já a ser delineado. “Para o ano queremos contar as histórias escondidas nas ruas e nas casas da cidade”, revela Sílvia Alves, “tal como, fortuitamente, aconteceu este ano com a Dona Laurinda dos chapéus, com a barbearia “Corte Implacável” ou com a “Casa da Ponte - Cambêdo”, que já aguarda o regresso do ilustrador Richard Câmara para continuar a desenhar a cidade em tons de azul-água”.
A edição de 2017 pretende envolver ainda mais a cidade de Chaves, atraindo mais público para ouvir as histórias da cidade e estreitar laços.
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