Por: Maria Cunha
O meu nome é Maria Vaz Cunha e frequento o sexto ano do curso de Medicina no Instituto de Ciência Biomédicas Abel Salazar, que faz parte de Universidade do Porto.
Os últimos seis meses da minha vida de estudante foram muito diferentes dos restantes anos que passei durante o curso de Medicina. Resolvi fazer o programa de Mobilidade no Brasil (semelhante ao programa Erasmus), mais precisamente na Faculdade de Medicina de Universidade Federal de Alagoas, em Maceió, conjuntamente com mais três colegas e amigos.
Durante este período realizei os estágios de Medicina Interna, Ginecologia, Pediatria, Obstetrícia e Cirurgia no Hospital Universitário. Foi muito bom trabalhar com os meus colegas e professores deste hospital, pois para além de me terem recebido de braços abertos, ensinaram-me muito e ajudaram-me sempre que eu precisei.
Foi fácil perceber que o ensino da Medicina no Brasil é muito diferente do nosso. Nele deixei de ser uma pura espectadora e passei à acção. Fiquei responsável por vários pacientes na enfermaria, realizei múltiplos procedimentos (sempre com auxilio e/ou vigilância de um interno da especialidade) e fiz consultas, entre muitas outras coisas, que me ajudaram a ganhar experiência e autonomia e sentir-me útil para com os doentes.
Outro ponto muito positivo foi o facto de ter tido a oportunidade de estar em contacto com um serviço nacional de saúde muito diferente do nosso, onde muitas vezes não existem recursos básicos (como soro fisiológico ou compressas), limitando muito a actividade dos profissionais de saúde e os cuidados que eles podem oferecer aos pacientes. Esta situação resulta, em grande parte, da crise económica que existe neste momento no Brasil, que está a afectar muito o sistema de saúde desse país.
A experiência de viver no Nordeste, mais especificamente em Maceió, foi única. Esta cidade e as localidades mais próximas têm as praias mais paradisíacas que eu já visitei, a temperatura ronda 25-30 graus e as pessoas são muito simpáticas, acolhedoras e prestáveis. Tive a oportunidade de viver na orla costeira, no bairro da Jatiúca, que tem uma vista lindíssima sobre um oceano azul claro.
Maceió é capital do estado de Alagoas, que é considerado um dos estados mais pobres e perigosos do Brasil. Infelizmente apercebi-me desta pobreza pela existência de várias “comunidades” (favelas) e pela inexistência de saneamento básico em muitos locais. São claras a diferenças sociais e o alto nível de analfabetismo. Relativamente à segurança, nunca senti que estivesse em causa, apesar de ter tido sempre os devidos cuidados.
No final do estágio tive também a oportunidade de viajar para outras zonas do Brasil, como por exemplo o Rio de Janeiro e a Foz do Iguaçu. Foram experiências inesquecíveis principalmente pela beleza natural destas regiões, e para perceber como o Brasil é um país muito grande com estados muito diferentes.
Foi uma excelente oportunidade para entender que existe um Mundo para além de Portugal e da Europa e que apesar da cultura Brasileira ter muitas influências Portuguesas também tem muitas particularidades.
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